Quais são os principais fatores de risco para o empreendedor?
Como diz o ditado: quem não arrisca, não petisca. Não há como construir um empreendimento de sucesso sem correr riscos e assumi-los está intimamente ligado ao espírito empreendedor. Se você deixou seu trabalho com carteira assinada para iniciar seu próprio negócio, por exemplo, aceitou correr um risco. Encarar riscos, entretanto, não significa entrar em negócios cegamente, ao contrário, exige planejamento e muito trabalho.
Mas quais são os principais riscos para o empreendedor?
Sem pensar muito, os maiores fatores de risco para o empreendedor são o negócio não dar certo e perder dinheiro. Com certeza, esses são os principais medos presentes na mente daqueles que pretendem empreender. Mas há outros riscos inerentes ao empreendedorismo que envolvem, além do risco financeiro, o risco de mercado, extremamente presente no nosso país, em função da crise econômica e da pandemia; o risco da concorrência, que se refere às perdas que podem decorrer de estratégias de marketing e de preço dos concorrentes; o risco de credibilidade, o qual pode estar associado ao lançamento mal sucedido de um novo produto no mercado, por exemplo e, ainda, o risco tecnológico, relacionado a eventuais falhas de tecnologia. Mesmo assim, correr riscos pode valer a pena.
Aprenda a correr riscos
Em primeiro lugar, pense em encarar os riscos de forma otimista e caso não dê certo, você terá ainda uma oportunidade para aprender. As falhas podem lhe ajudar a pensar e planejar estrategicamente. A inovação envolve fazer as coisas de um jeito diferente e colocar em prática novas ideias, ou seja, correr riscos, que podem ser minimizados com planejamento e muita análise crítica.
Riscos calculados
Os empreendedores que calculam os riscos são aqueles que tomam medidas em direção aos seus objetivos e encontram maneiras de reduzi-los para avançar com seus negócios. Os riscos estão diretamente relacionados às oportunidades e aqueles que os assumem já têm uma vantagem competitiva. Ponto para os corajosos.
Normalmente, o empreendedor tem uma visão diferente do risco que está correndo. A perspectiva otimista, sobre a qual já falamos, o leva a olhar não só o que tem a perder, mas principalmente, o que tem a ganhar. Vamos entender um pouco mais sobre como calcular riscos?
Probabilidade e Impacto
Probabilidade e impacto são dois elementos fundamentais para explicar o fenômeno do risco. Muitas vezes, a probabilidade é confundida com o próprio risco. Mas, na verdade, quanto mais chances de alguma coisa dar errado, maior a probabilidade e, consequentemente, maior o risco. Ele é um fator importante, mas não é o único.
Outro elemento é o impacto. Muitas vezes, no senso comum, o entendimento sobre o impacto é o que se perde ao enfrentar uma situação, mas, na verdade, o impacto é a diferença entre o que se ganha e o que se pode perder, se algo der errado. O impacto mede os resultados de assumir um risco, que podem ser negativos ou positivos.
Outros fatores da Análise de Riscos
Além da probabilidade e do impacto, existem outros fatores que devem ser considerados para se fazer uma boa análise de riscos, seja em relação ao mercado, à concorrência e a qualquer outro fator de risco envolvido no seu empreendimento.
Esses elementos são a incerteza, a complexidade, as ameaças e as ações alternativas. Vamos ver cada uma delas?
1. Incerteza
É muito comum não conseguir definir o grau de risco de um determinado fator em função da falta de informações. Há outras causas para a incerteza também, como informações de veracidade duvidosa, excesso de dados, fontes sem credibilidade, dados contraditórios e outros. Quanto maior a incerteza, maior é a chance de algo inesperado acontecer.
2. Complexidade
A complexidade é a quantidade de variáveis que influenciam a atividade. O risco é diretamente proporcional ao número de variáveis. Quanto maior o número de variáveis, maior a chance de algo dar errado. Para entender, imagine, por exemplo, a diferença entre organizar uma festa de aniversário para os familiares mais próximos e uma festa para centenas de convidados. O grau de complexidade do evento com muitos convidados é bem superior, pois envolve uma grande quantidade de pessoas, de fornecedores, de tempo, além do orçamento, espaço e outros fatores que precisam ser considerados para viabilizar o projeto. Mesmo que você seja um promotor de festas experiente, e o grau de incerteza seja baixo, a complexidade do evento é que determina se o risco é alto ou não.
3. Ameaças
As ameaças estão presentes em nossas vidas e todos nós assumimos algum tipo de risco. Atravessar uma rua é arriscado, mas uma estrada movimentada, muito mais. A ameaça é o elemento que gera o risco, e, como vimos no exemplo, uma mesma atividade pode ter baixo risco em um contexto e alto risco em outro.
4. Ações alternativas
O risco existe, você já sabe, mas o que pode ser feito para eliminar ou minimizar o risco? É essa análise que vai definir sua estratégia. Muitas vezes, pode ser que o custo para executar uma ação alternativa seja maior do que correr o próprio risco, nesse caso, dependendo do contexto, você deve avaliar a relação custo-benefício. Quanto mais formas de reduzir ou eliminar os impactos, a probabilidade, a incerteza, a complexidade e o número de ameaças, menor será o risco.
5. Empreendedor x Aventureiro
O empreendedor não é um aventureiro, visto que ele não aceita e busca o risco. Com o planejamento do negócio e a análise de riscos, ele faz um balanço entre todos os prós e os contras e, quando assume o risco, faz de tudo para minimizá-lo.
Pense no seu negócio, por exemplo, você já analisou o risco de o seu principal fornecedor quebrar? Qual será o impacto para a sua empresa? De que forma o seu produto será prejudicado? O seu produto ou negócio dependem exclusivamente desse fornecedor? Que ações alternativas você pode tomar para minimizar esse risco caso ele aconteça? Faça esse exercício para analisar outros riscos: quais os impactos se o seu negócio crescer e você buscar novas parcerias? E se você resolver exportar seu produto?
Em todas as tomadas de decisão do seu empreendimento, há riscos – eles estão por toda parte! Mas, agora que você sabe usar os critérios certos e fazer a análise de todos os fatores envolvidos, você saberá quais riscos precisam de maior atenção.
Se mesmo com o que vimos até aqui neste texto e com a possibilidade de conhecer e gerir os riscos, você ainda tem dúvidas sobre querer correr ou não o risco de ser um empreendedor, talvez deva considerar quais são os riscos pessoais. E, calma, eles também podem ser minimizados.
Quais são os riscos ao empreender?
Se você chegou até aqui, já percebeu que tomar a decisão de empreender nem sempre é uma escolha fácil. É preciso ter coragem e estar disposto a correr alguns riscos. Por isso, a primeira análise que você deve fazer é se você tem o perfil empreendedor. E, olha, se não for o caso, tudo bem. Seja honesto na sua avaliação para evitar futuras frustrações e entenda que você pode aprender a trabalhar e desenvolver essas características.
Identifique se o seu perfil é empreendedor
Com a instabilidade no mercado e a crise financeira, muitas pessoas estão se voltando para o empreendedorismo em busca de uma renda maior e uma alternativa para sobrevivência. Antes de qualquer decisão, é importante que você avalie se você tem as características e as condições para correr o risco (e se vai saber como gerenciá-lo).
Seguem algumas perguntas que você pode fazer a si mesmo. Responda com sinceridade:
- Tenho estabilidade emocional para lidar com os desafios do mundo dos negócios?
- Tenho capital suficiente para abrir o negócio e me manter até que a empresa dê resultados?
- Estou disposto a trabalhar mais de oito horas por dia e nos finais de semana, se necessário?
- Sou paciente e determinado para lidar com os obstáculos que a vida oferece?
- Conheço minhas limitações e também as limitações do negócio que pretendo abrir?
- Reconheço as oportunidades que o negócio apresenta?
Há, com certeza, uma infinidade de outras perguntas que o ajudariam a avaliar o seu perfil empreendedor. Mesmo que tenha respondido de forma negativa a algumas das questões, não desanime, pois o mais importante é que agora você já pode avaliar quais são os pontos a serem melhorados. Reflita muito.
Iniciado o voo no mundo dos negócios, qualquer parada significa queda. Por isso, seu destino e seus objetivos têm que estar bem claros.O exemplo de como outros empreendedores lidam com os riscos também pode ser um bom caminho de inspiração. Leia no nosso blog como as empreendedoras Danielle e Lara driblaram uma ameaça que não foi prevista e tampouco avaliada em nenhuma análise de riscos – a pandemia do coronavírus. No artigo, encontrará uma demonstração de como a incerteza também pode ser uma oportunidade. Boa leitura e coragem em suas decisões!
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Escrito por:
Vitor Torres
Vitor Torres é fundador e presidente da Contabilizei desde 2013, quando iniciou uma revolução ao liderar o movimento de desburocratização da contabilidade no país, tendo alcançado a liderança no segmento durante essa jornada. Hoje tem o propósito de simplificar a vida dos micros e pequenos empreendedores e fortalecer o futuro de cada um dos 50 mil clientes da companhia, transformando o cenário do empreendedorismo no Brasil. O executivo é formado em Administração pela Universidade Positivo, possui formação executiva em Liderança em Escala pela INSEAD, realizou um MBA de Administração e Negócios pela Columbia Business School e participou de um Programa de Liderança Executiva em Negócios pela Stanford University Graduate School of Business. Em 2016, foi selecionado como Empreendedor Endeavor. Reúne experiência na área de consultoria e análise de negócios, tendo apoiado de forma pioneira no desenvolvimento do ecossistema de startups.